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Outro erro de tradução; desta vez, com danos reais.

Chinês diz que Tesla dá impressão de que carro anda sozinho
(Foto: REUTERS/Kim Kyung-Hoon)

Por Janaina de Aquino.

O "Autopilot" ou "piloto automático" é uma tecnologia de sistema de condução automática disponibilizada pela fabricante americana veículos elétricos Tesla, à frente de boa parte da indústria automobilística, que está adotando tecnologia parecida de forma lenta e sem acesso aos consumidores.

Desde seu lançamento, entretanto, o "Autopilot" tem causado diversos acidentes ao redor do mundo e, inclusive, uma vítima fatal, o americano Joshua Brown. As causas, segundo o próprio presidente da Tesla, Elon Musk, são problema de interpretação: "muita gente não entende o que é [o sistema], nem como ativá-lo". Para endossar seu posicionamento, em um texto publicado em seu blogue, a Tesla ressalta que “Autopilot é um recurso de assistência que requer que você mantenha suas mãos no volante o tempo todo e que é necessário manter o controle e a responsabilidade sobre o veículo”. Em outras palavras, o recurso controla ações como mudar automaticamente de pista, controlar velocidade e freio para evitar uma colisão, mas o motorista precisa sempre manter as mãos no volante.

Para a Consumer Reports, revista conceituada quando o assunto é mercado e a relação entre empresas e consumidores, entretanto, há margem para interpretação, pois, "ao propagandear o recurso como ‘piloto automático’, a Tesla dá aos consumidores uma falsa sensação de segurança". 

No caso de Brown, que aparece em uma foto sem as mãos no volante, está claro que a Tesla passou a impressão de que o recurso assume o controle total do veículo. O mesmo aconteceu na China no ínicio de agosto, meses após o acidente fatal na Flórida.

Aparentemente, Luo Zhen, um motorista de Beijing ativou o modo "Autopilot" e acabou atingindo a lateral de um carro que estava estacionado. Ao que parece, o significado de "Autopilot" estava traduzido errado na página chinesa da Tesla, na qual descrevia a nova tecnologia com a frase "zidong jiashi", que significa "piloto automático". Acontece que a frase, infelizmente, tem duplo sentido e também significa "semiautônomo". 


Joshua Brown em seu Tesla, dirigindo sem as mãos.
A Consumer Reports, no entanto, acredita que este ponto pode não ser amplamente compreendido pelos consumidores. Um dos problemas ressaltados pela publicação é o nome do recurso. Em um artigo publicado logo após a fatalidade de Borwn, a Consumer Reports levanta a questão (pertinente) se o nome do recurso não “promove a suposição prematura e perigosa de que o Model S é capaz de se dirigir de forma completamente autônoma”. Os acontecimentos recentes mostram que sim.

Luo Zhen saiu ileso, mas. embora tenha admitido que estava distraído e sem as mãos no volante no momento do acidente, afirmou que a Tesla está escondendo as limitações do programa: "(...) Mundialmente, quando vendem os carros, chamam-lhe piloto automático; quando há um acidente torna-se condução assistida”. Ele argumentou, ainda, que as lojas da Tesla na China divulgam o carro como "autônomo". Ao Financial times, Luo Zhen alega que “a maneira como a China se refere a estas tecnologias é um grande problema. Embora exista um risco semelhante no Ocidente, os consumidores chineses têm menos probabilidade de ler o manual de instruções”.

Com razão. Tanta que a Tesla admitiu que houve confusão na tradução do termo no site do fabricante na China e garantiu que revisou a parte linguística para deixar claro para os motoristas que o modo "Autopilot" é um sistema de assistência ao motorista e não um sistema que dirige sozinho. Logo, de acordo com o Wall Street Journal, o termo "zidong jiashi" foi substituído por "zi dong fu zhu jia shi", que significa que o carro tem um sistema de direção assistida.

Este infortuito incidente serve, sem dúvidas, de lição valiosa para Tesla e para outros fabricantes de automóveis ou outros produtos que não prestam a atenção necessária para o que divulgam em seus sites ou como os traduzem (ver caso do Oreo na Índia ou demais exemplos na obra "O local e o universal na tradução de produtos comésticos e comestíveis".

"Estamos trabalhando constantemente para conseguir melhorias, inclusive nas traduções. Estamos lidando com quaisquer discrepâncias entre as línguas há várias semanas", afirmou a porta-voz da Testa sobre os desafios linguísticos. 



Fonte: RickeyCBS SF Bay Area / Dinheiro Vivo / Exame /  The Wall Street Journal

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